Guia independente com informações e dicas sobre o Uruguai, editado por Marcelo Spalding.
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O Uruguai é um país de apenas três milhões e meio de habitantes (um terço do Rio Grande do Sul, por exemplo) que tem um dos melhores PIB per capita (US$ 20 mil contra US$ 8,9 mil do Brasil) e Índice de Desenvolvimento Humano (0,83 contra 0,76 do Brasil) das Américas. Encravado entre a Argentina e o Brasil, sobreviveu como nação dialogando com seus vizinhos e fazendo do turismo uma importante fonte de receita. Como fica a menos de 10 horas de viagem de Porto Alegre, tenho ido quase anualmente ao país e publico aqui algumas dicas e impressões.
+ Informações úteis
+ Cidades de fronteira
+ Montevidéu
+ Punta Del Este
+ Piriápolis
+ Colônia do Sacramento
+ Punta Ballena (Casapueblo)
+ Punta del Diablo
+ Termas do Arapey
+ Crônicas relacionadas
A moeda do Uruguai é o peso uruguaio, criado em 1993 e bem-sucedido na missão de acabar com a inflação do país. Embora 1 real valha cerca de 7 pesos uruguaios, este não é um país barato, então é importante estar sempre atento à conversão na hora de comer ou comprar (esqueça aquela bobagem destrutiva de que quem converte não se diverte).
Quem tem experiência com viagens internacionais já sabe, mas não custa lembrar aqui alguns detalhes quando lidamos com câmbio: compras em cartão estão sujeitas à taxas, então eu gosto de levar algum dinheiro em papel, que pode ser dólar ou real; na hora de trocar nas casas de câmbio (cassinos sempre têm casas de câmbio), cuide a taxa, porque a variação pode ser grande. Usamos o Wise e funcionou bem, deixamos o saldo em pesos e quando acabou, ele começou a usar o saldo em dólar.
No Uruguai há uma curiosa isenção de imposto para estrangeiros que pagam em cartão, especialmente em restaurantes. Então pergunte se pagando em cartão há desconto do IVA, pois representa quase 15%.
Embora o comércio em geral aceite dólar ou reais, a conversão nunca é das melhores, então use como exceção. Em regra, prefira trocar o dinheiro nas casas de câmbio ou use o cartão de crédito - lembrando apenas das taxas. Para quem vai passar pela fronteira, costuma ser a taxa de câmbio mais vantajosa.
O clima no Uruguai costuma ter estações do ano bem definidas, fazendo bastante calor no verão e frio no inverno. Mas não espere grandes amplitudes térmicas: em janeiro, mês mais quente, a temperatura média é em torno de 22 ºC, enquanto em julho, mês mais frio, é de 10 ºC. Isso se reflete na temperatura da água do mar ou do rio, mais fria que a do Brasil.
Para quem é do Rio Grande do Sul ou Santa Catarina, aconselho fortemente uma viagem de carro ao Uruguai, as estradas são excelentes, o custo não é tão alto e o país, vocacionado ao turismo, reserva atrações para amantes de futebol, vinhos, arte, praias, arquitetura e natureza. Mesmo para viajantes brasileiros que estejam mais distantes, pode ser interessante voar até Montevidéu e alugar um carro para conhecer algumas cidades ao redor – além da própria Capital, claro.
De Porto Alegre a Punta del Este são 735 quilômetros, pouco mais de nove horas de viagem, então gosto de dividir a viagem em dois dias e dormir uma noite na fronteira. Já fiquei no Chuí e em Jaguarão; cada uma tem sua vantagem, Jaguarão me pareceu uma cidade maior, com mais opções de hotéis, um centro histórico bonito e conservado; Chuí quebra melhor a viagem, pois é mais longe de Porto Alegre e mais perto de Punta del Este ou Montevidéu, além de ser fronteira seca, então não há risco de engarrafamento na ponte.
Um detalhe importante para quem for de carro ao Uruguai são os pedágios. Não há mais guichês com pessoas atendendo, recebendo dinheiro, dando troco, todos os guichês são automático com o uso do "telepeaje". Então no primeiro pedágio, pare o carro (o curioso é que precisa se atravessar na pista contrária para estacionar), pegue todos seus documentos e do carro e vá até uma salinha para compra do tal "telepeaje". Só são aceitos cartões de crédito e débito, e cuide que NÃO fica aberto em todos os horários, fecha inclusive na hora da sesta depois do meio dia. A boa notícia é que você não precisa fazer isso a cada pedágio, diga para o atendente até onde você vai, e ele calcula quantos pedágios você precisa comprar. Aí é só passar com a própria placa (mas por via das dúvidas, guarde a tag e o recibo).
Para atravessar a fronteira, você precisa de carteira de identidade feita HÁ MENOS DE 10 ANOS ou passaporte. Embora não seja obrigatório, aconselho levar passaporte, se você tiver. Para o carro, é preciso levar a carta verde (seguro especial para países do Mercosul, fale com seu corretor) e o documento do veículo (além, claro, da CNH do motorista). No Brasil, o documento do veículo não chega mais em papel, mas eu imprimi em casa mesmo e eles aceitaram sem pedir para ver no celular. De qualquer forma, lembre de ter login e senha do CNH Digital em mãos. Ah, importante: a CNH não substitui a carteira de identidade ou o passaporte como seu documento pessoal para entrada no país, então é preciso levar ambos.
As tomadas no Uruguai podem não seguir o padrão brasileiro de tomadas, então não deixe de comprar um adaptador universal. Compramos na primeira viagem para o Uruguai e já usamos em vários lugares do mundo, além do Cruzeiro.
Vamos começar pelas cidades de fronteira para quem vai de carro do Brasil. Se você vai de avião ou de navio até Montevidéu, pule para o próximo item. As cidades de fronteira aqui listadas são interessantes como ponto de parada para uma road trip, mas não vale o deslocamento até elas se você chegou à capital de navio ou avião.
Algo importante a se destacar sobre as fronteiras é que Chuí / Chuy e Sant'Ana do Livramento / Rivera têm o que chamamos de fronteira seca, você transita livremente por uma cidade ou outra. Já Jaguarão / Río Branco e Quaraí / Artigas têm uma ponte entre uma cidade e outra, onde por vezes há fila em função das fiscalizações alfandegárias e de imigração.
Chuí é a cidade mais ao Sul do Brasil (quem nunca ouviu falar em do Oiapoque ao Chuí) e faz fronteira seca com Chuy, cidade uruguaia. A foto mais tradicional de quem visita a cidade é colocar um pé no lado brasileiro e outro no lado uruguaio, pois é uma avenida que divide os dois países. A imigração uruguaia, porém, fica um pouco depois, e a do Brasil um pouco antes. Na cidade, o Hotel Bertelli é uma ótima opção - não encontramos tantas outras. Há restaurantes, muitos free shops, que fazem a alegria de quem gosta (não é o meu caso), casas de câmbio com cotação melhor que em Montevidéu ou Punta e cassino de maquininhas. Fora isso, ambas as cidades são pequenas, com menos de 10 mil habitantes cada, e sem grandes atrações turísticas. Se você precisar fazer hora na cidade, a dica é ir até Barra do Chuí e atravessar pela ponte para Barra del Chuy, o balenário local.
Jaguarão é uma tradicional cidade do Rio Grande do Sul, cuja fundação remonta a um acampamento militar de 1802. Faz fronteira com a cidade de Río Branco às margens do Rio Jaguarão. Além de maior oferta de hotéis em relação ao Chuí, chama a atenção na cidade pontos turísticos como o belo e conservado Centro Histórico e a Ponte Internacional Barão de Mauá, que liga Jaguarão a Río Branco e foi construída entre 1927 e 1930 depois de um tratado firmado entre os dois países para pagamento de dívida de guerra. Do lado uruguaio, o Panda Free Shop se destaca entre os free shops, sendo um dos maiores do país. Além da venda de diversos tipos de produto, no local há restaurantes, um cassino novo e com muitas maquininhas mas sem jogos de mesa e a possibilidade de fazer trâmites imigratórios na Diretoria Nacional de Migrações de Rio Branco.
Sant'Ana do Livramento é a cidade com maior população entre as que fazem fronteira com o Uruguai, com mais de 75 mil pessoas. Rivera, a cidade irmã do lado uruguaio, tem mais de 100 mil habitantes. Com isso, a fronteira Sant'Ana do Livramento/Rivera é completamente diferente de Chuí/Chuy ou mesmo de Jaguarão/Río Branco, pois aqui há duas cidades de porte médio com muitas opções de comércio e restaurante, mas com trânsito, pedintes e todos os problemas de uma cidade um pouco maior. Os destaques na região são o Siñeriz Free Shop, um dos maiores do país, com amplo estacionamento e diversos produtos de marca (em geral mais baratos que no freeshop do Chuí); o Rivera Casino & Resort, que tem um dos poucos cassinos das cidades de fronteira com mesa (e não apenas maquininhas), além de shows e opções gastronômicas; e, do lado brasileiro, o Hotel Jandaia, um excelente custo-benefício para uma estadia antes de atravessar para o lado uruguaio. O Jandaia é conhecido por receber excursões de brasileiros que vão até a cidade para ir ao cassino e ao freeshop, mas também pode ser utilizado para quem está em viagem e prefere pernoitar na fronteira antes de seguir.
Uma cidade menos conhecida que faz fronteira com o Uruguai é Quaraí, localizada mais ao norte do Rio Grande do Sul. Como para chegar à cidade é preciso passar por Sant'Ana do Livramento, normalmente quem está de carro atravessa por Sant'Ana e não segue até Quaraí. Dessa forma, tanto a cidade brasileira quanto Artigas são cidades que conservam características de pequenas cidades do interior, sem tanto turismo, mas mantendo a peculiar relação entre duas cidades que fazem fronteiras nacionais: os brasileiros vão na padaria do Uruguai comprar galletas e doce de leite, enquanto os uruguaios atravessam a ponte para comprar feijão no Brasil.
Montevidéu é uma cidade histórica, organizada, com boas opções de hotéis, restaurantes e atividades culturais. A Ciudad Vieja, como é chamado seu centro, reúne a poucos passos muitos pontos turísticos: na parte alta, vale visitar a Puerta de la Ciudadela – construção do período colonial, quando Montevidéu era cercada por muralhas –, a Plaza Independencia, o Teatro Solis, o Museu da Casa do Governo e o Hotel Radisson, onde tem um enorme e luxuoso cassino operado pelo Estado. Na mesma região, uma sugestão para a noite é o Bar Fun Fun, aberto há mais de cem anos, desde 1895, de geração para geração. Para você ter ideia da tradição do pequeno lugar, por lá já tocaram até Carlos Gardel e Piazzola. Dependendo da programação do dia, pode ser um ótimo lugar para você ver e ouvir o clássico tango.
Antes de começar a descer em direção ao Mercado del Puerto, não deixe de visitar a impressionante Catedral de Montevidéu. A descida até o porto pode ser feita pela Peatonal Sarandí, com muitas opções de bares, cafés, restaurantes, praças, museus, livrarias. Vale fazer esse passeio com calma, ele lembra um pouco o clima europeu de cidades turísticas. O Mercado del Puerto em si é um ponto tradicional com restaurantes típicos e, para quem gosta de carne e de turistada, vale reservar um almoço ou jantar no local. Mas há outros dois espaços gastronômicos na cidade que eu gosto mais e valem uma visita: o Mercado Agrícola Montevideo, que na verdade é uma mistura de shopping com mercado público, com restaurantes e lojas que vendem produtos locais, e o Mercado Fernando.
Apesar das diversas atrações turísticas do Centro, o mais legal de Montevidéu para mim é a Rambla, que nós chamamos de orla. Eu levei um susto quando cheguei na cidade porque não sabia que havia mar em Montevidéu, e na verdade não é mar, é o Rio da Prata, mas se você olha no mapa vai entender que há uma mistura de águas ali.
Gosto de me hospedar em Punta Carretas ou no Carrasco, ambos bairros com uma bela orla em que se pode caminhar, pegar sol e até molhar os pés. Punta Carretas é mais próximo ao Centro, e na região está o Farol de Punta Brava, o Parque Rodó e o Punta Carretas Shopping. No Carrasco há o Sofitel, um enorme cassino privado, além de muitas lojas e restaurantes.
Não posso deixar de destacar outros dois pontos turísticos da capital uruguaia: o Estádio Centenário e o Palácio Legislativo do Governo. O Estádio Centenário foi construído em 1930 para a primeira Copa do Mundo de futebol, vencida pelo próprio Uruguai. Ainda em atividade e pronto para sediar pelo menos um jogo da Copa de 2030, o estádio conta com um completo museu com objetos de lendas do futebol, como Pelé, além de registrar a história do próprio estádio. Para amantes de futebol, a visita ao Estádio Centenário já vale a viagem.
Já o Palácio Legislativo de Montevidéu é uma construção imponente, impressionante, que abriga o legislativo uruguaio. Vale a pena se organizar para fazer uma visita guiada, disponível em português ou espanhol, pelo acesso ao deslumbrante interior da construção neoclássica, incluindo as duas câmaras legislativas.
Punta del Este se firmou ao longo dos anos como um importante destino turístico do Uruguai, com uma ampla rede de hotéis, lojas, restaurantes e, claro, cassinos. Inegavelmente a proibição do jogo no Brasil faz com que muitos brasileiros se dirijam até o país para jogar, e em Punta há pelo menos três cassinos completos, com bar, restaurante, maquininhas das mais modernas e mesas dos jogos mais importantes. O maior e mais famoso é o cassino do Enjoy, imponente e luxuoso hotel de Punta, que conta também com shows ao vivo e competições de pôquer e bingo.
Para conhecer a cidade, dois dias é suficiente, rende uma boa caminhada pela orla e pelo centrinho histórico, um tempo para o cassino e para apreciar uma boa empanada e uma boa parrilla. O mais legal para mim é o ponto do centro em que a gente olha para a direita, vê o mar; para a esquerda, vê o mar; para frente, vê o mar. A beira da praia Mansa é minha preferida, sem ondas, especialmente em frente ao Enjoy (só esteja preparado para os preços das bebidas, neste local eles acham que estamos em Miami). Já quem pretende viver um pouco a cidade, vale tentar um bom hotel (o próprio Enjoy, fora dos meses de verão, tem preços possíveis e se torna ele próprio o ponto alto da viagem).
Em 1912, um enorme cartaz anuncia com pompa e circunstância Piriápolis, uma “cidade do futuro”: “El más hermoso, el más soberbio, el más completo balneario del mundo.” O anúncio traz fotografias dos pontos turísticos já criados no local, planta do loteamento dos terrenos à venda e um texto de apresentação assinado por Francisco Píria.
Píria fez fortuna vendendo terrenos à prestação em Montevidéu no fim dos anos 1800. Com o dinheiro, comprou uma imensa área de terra despovoada no sul do Uruguai, e paralelamente a atividades agrícolas construiu nessas terras ferrovias, um castelo para morar, hotel, hipódromo, escola e só então, em 1912, iniciou a venda dos terrenos fracionados de Piriápolis, a cidade de Píria. O público eram argentinos e uruguaios não tão ricos para ir a Europa que desejassem comprar um terreno parcelado próximo ao mar para passar suas férias de verão. Isso há mais de cem anos, quando o turismo de sol e mar estava vindo da Europa para cá.
Claro que deu certo. A cidade ainda hoje é uma das mais visitadas do país, o Hotel e Casino Argentino, de 1920, segue funcionando com sua grandiosidade e glamour, e o extenso calçadão de pedra com escadas para acesso à areia ainda é dos melhores de se caminhar que vimos.
Para quem vai muito ao Uruguai e quer variar um pouco o roteiro, vale se hospedar em Piriapolis uma ou duas noites. A cidade também é uma opção mais econômica de hospedagem e alimentação comparada a Punta, da qual está a 40 km.
A Colônia do Sacramento foi fundada em 1680 pelo Império Português, e nela foram construídas importantes fortificações de defesa, cujas ruínas são hoje ponto turístico da região. Entre idas e vindas, a Colônia só passou de fato para o Uruguai em 1828, quando da independência do novo país. A cidade, assim, até hoje preserva características da colonização portuguesa, traços da forte presença de argentinos - da Colônia se vê a silhueta de alguns prédios de Buenos Aires na outra margem do rio - e, claro, uruguaios, o que se reflete na arquitetura e na gastronomia.
O Bairro Histórico, localizado às margens do Rio da Prata, foi declarado Patrimônio Mundial da Unesco e rende um ótimo passeio, pois há uma área grande com charmosas ruas de pedra que remontam ao século XVII, ruínas, informações históricas, além de bares e restaurantes. Destaque para a Basílica del Santíssimo Sacramento; construída em 1680, reconstruída em 1830 e citada por Charles Darwin, é considerada a mais antiga do Uruguai. Não deixe ainda de caminhar pela ampla rambla (calçadão) e ir até a Plaza de Toros San Carlos, uma enorme arena construída em 1909 (mas fechada em 1912 após a proibição das touradas). Após um século de abandono, em 2012 foi restaurada e hoje é um centro para eventos culturais e esportivos.
Outro atrativo para se ir até Colônia é que há uma balsa para atravessar até Buenos Aires com o carro (em Montevidéu é possível pegar balsa para chegar em Buenos Aires, mas sem o carro). Não é a única forma de chegar de carro em Buenos Aires vindo de Porto Alegre, mas é uma ótima maneira de combinar na mesma viagem duas capitais sul-americanas interessantíssimas.
A rede hoteleira na cidade é boa, com hotéis e pousadas de estilos e preços variados. A gastronomia também é variada, embora à noite, pelo menos fora da alta temporada, deixe a desejar. O que decepciona são os cassinos, ambos pequenos e apenas com maquininhas.
Punta Ballena é um pequeno balneário de Maldonado, a 15 km de Punta del Este. A cidade é famosa mundialmente pela Casapueblo, um dos principais pontos turísticos do país.
A Casapueblo é a obra-prima do artista uruguaio Carlos Páez Vilaró. Espécie de “escultura habitável”, começou a ser construída em 1958 sem planta definida, sem linhas retas e foi sendo ampliada até 2014, quando faleceu Vilaró, com 90 anos. Hoje a casa tem mais de quatro mil m² e se tornou uma referência mundial de arte, engenharia e arquitetura, recebendo turistas do mundo todo. Local onde por muitos anos viveu Vilaró, por lá passaram personalidades como Henry Ford, Mercedes Sosa, Pepe Mujica, Vinícius de Moraes, Robert de Niro e tantos outros. Contei minha experiência de se hospedar na Casapueblo no livro Viagens, Crônicas e Descobertas.
Também na região, a praia de nudismo Chihuahua é uma referência para os naturistas, uma praia tranquila, rústica. Você pode acessar diretamente pela entrada da praia, mas é uma estradinha de chão, ou caminhando da Playa Solanas até lá. Mas o melhor dessa faixa de areia é a vista frontal da própria Casapueblo.
O Uruguai é famoso por praias roots, naturais, com pouca intervenção urbana. Já estive em Punta del Diablo, pequena praia com população de cerca de apenas 1000 pessoas. Pelo menos na época em que fomos, nos remeteu a uma volta no tempo, com pouca gente, poucas ruas asfaltadas, longas faixas de areia sem construções ao redor, casas baixas e espaçadas. É um lugar para você se conectar com a natureza, sentir espaço ao seu redor, respirar ar puro.
O trecho de areia da Playa de Los Pescadores até a Playa del Rivero é o mais bonito, com pedras... Ali, aliás, comi uma das melhores empanadas da vida, em um restaurante bem simples na entrada da Playa de Los Pescadores.
Há diversas opções de pousadas na cidade por preços razoáveis e confortos como estacionamento, piscina e ar-condicionado. A mais sofisticada é a Il Tano, onde tem também um restaurante gourmetizado, bom e bonito. Se o objetivo for pegar praia, esteja disposto a caminhar, o estacionamento nas praias não é bom e tem muitas ruas de chão batido.
A 10 km da cidade há o impressionante Parque Nacional de Santa Teresa. Com 3 mil hectares de extesão, o parque é 10 vezes maior que o Central Park. Há calçamento, área de piquenique, uma fortaleeza, um enorme camping e quatro praias dentro do espaço. Além, claro, de muitas árvores e espaços de convívio com a natureza.
Para quem está em uma road trip partindo do Brasil, uma pernoite em Punta del Diablo pode substituir uma pernoite na fronteira, pois a cidade fica a 40 km do Chuí e tem mais opções de pousadas que o Chuí, o que se reflete em menor preço de hospedagem.
Em busca de petróleo, nos anos 1940 os uruguaios encontraram águas termais, e assim nasceu Termas do Arapey. O local é um complexo de hotéis e pousadas de 1 a 5 estrelas com piscinas de água termal públicas e particulares, além de ampla área para camping. Para quem mora na região, é uma ótima opção de lazer, assim como para amantes da natureza e de camping. Lembra mais o Parque Santa Tereza, famoso local de camping do Uruguai, do que Termas do Gravatal, localidade de Santa Catarina famosa por suas águas quentes e medicinais.
O acesso é todo por asfalto, e fica no meio de uma ampla área verde. O GPS apontava que faltavam 5 minutos para chegar e ainda não acreditávamos que haveria casas e hotéis por ali, até que avistamos um pórtico. Neste pórtico somos obrigados a parar e pagar uma espécie de taxa de ingresso de cerca de 30 reais por pessoa. Segundo o atendente, essa taxa ajuda a prefeitura a manter as piscinas públicas e conservar o local (uma tarefa difícil, há de se reconhecer).
O preço dos 2 hotéis da localidade - Arapey Thermal Resort e Altos del Arapey - assusta: são mais caros que o Enjoy, de Punta, e a Casapueblo. Destaque para o amplo e belo campo de golfe do Altos del Arapey, não deixe de ir até lá para visitar a capela e fazer fotos mesmo não estando hospedado no hotel. Chama a atenção a discrepância das hospedagens disponíveis, do luxo dos hotéis a acomodações muito mal conservadas e minúsculas, passando por cerca de 1000 espaços para camping e algumas pousadas para a classe média.
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Guia independente com informações e dicas sobre o Uruguai, editado por Marcelo Spalding. Página baseada em crônica publicada no livro Viagens, Crônicas e Descobertas. Clique aqui para receber aviso de novos conteúdos e atualizações do nosso site.
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